sábado, 28 de abril de 2012

Artigo de Paulo Tarcísio Neto

Prevenção do câncer 

de colo do útero

Paulo Tarcísio Neto
Medicina UFRN
paulo_tarcisio@hotmail.com



     O Governo Federal, através do Ministério da Saúde, persistentemente, bate na tecla da prevenção do câncer de colo através do famoso “Preventivo”. E não há nenhum exagero nisso. O câncer de colo do útero apresenta algumas peculiaridades que lhe são próprias, quando comparado a outros cânceres, as quais permitem um diagnóstico precoce e uma cura definitiva em quase 100% dos casos quando a assistência à saúde é adequadamente prestada.
     Antes de tudo, a quase totalidade dos casos de câncer do colo é provocada pelos vírus da família “HPV”. Tal grupo é composto por mais de duas centenas de componentes - uns com maior, outros com menor potencial de provocar o câncer, ou outras lesões benignas. A
transmissão de tal vírus ocorre quase exclusivamente a partir do
contato entre os órgãos sexuais, sendo geralmente assintomático no
homem, que pode carregá-lo consigo por anos a fio sem jamais sabê-lo.
     De tal fato surge a primeira medida preventiva: o uso da camisinha
reduz muito a possibilidade de transmissão do vírus HPV. Mesmo
parceiros conhecidos podem ser portadores desse vírus sem sabê-lo.
Mas o fato é que de 50 a 80% das mulheres sexualmente ativas
apresentarão, em algum momento de sua vida, a infecção por um HPV. Na
maioria delas, um sistema imunológico competente conseguirá combater e
impedir qualquer manifestação clínica. Em um grupo menor, não teremos
nada mais que verrugas genitais, ou condilomas, ou outras lesões
benignas que, em geral, evoluem para cura espontânea e não pedem nada
mais que um bom acompanhamento clínico; mas há um pequeno grupo de
mulheres que desenvolverão um quadro de câncer de colo do útero que,
se não diagnosticado e tratado precocemente, evoluirá como qualquer
outro câncer para o “êxito letal”.
     A nosso favor, temos a lenta evolução dessa neoplasia e sua facilidade
diagnóstica. Em mulheres que freqüentam ao menos anualmente o
consultório do ginecologista, a probabilidade de se encontrar uma
doença em fase avançada é muito remota. E o melhor de tudo é que
lesões precoces são tratadas com relativa facilidade e com altíssimo
índice de cura. Um tripé diagnóstico nos auxilia na identificação e
conduta diante de lesões do colo do útero: a citologia oncótica (ou o
“Exame Preventivo”) + a colposcopia (um exame que estuda o colo do
útero para saber mais ou menos onde está a lesão pelo HPV) + a
biópsia. Tudo começa, assim, com o “exame preventivo” de modo que o
segredo para não desenvolver câncer de colo do útero está na visita
regular ao ginecologista. Além disso, dentre os inúmeros fatores de
risco do câncer de colo, destaco, nesse pequeno texto, o tabagismo, a
AIDS e a multiplicidade de parceiros sexuais.
     A freqüência com que o Preventivo deve ser feito varia de profissional
para profissional, mas, de uma maneira geral, o Ministério da Saúde
recomenda a realização de exames anuais até que, por 2 anos
consecutivos, o resultado seja normal. Segundo o Ministério, nessa
situação, a mulher só necessitaria de um novo exame dentro de 3 anos.
Diziam os filósofos estóicos que há coisas que dependem da gente e
coisas que não dependem da gente. Existem muitos males contra os quais
não temos quase nenhuma força, mas contra esse, sim, temos. Não
permita, mulher, entregar seu destino aos azares da sorte. Um bom
conselho? Visite o ginecologista ao menos anualmente.

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